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... Blogger, coach, mentora, palestrante, autora, contadora de histórias, formadora e uma apaixonada pela vida ...

A filha do meio faz anos

Marta Leal, 20.02.21

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Estávamos no ano de 1998, eu tinha 28 anos e fui mãe pela segunda vez. Engordei cerca de 20 quilos, as últimas semanas só dormia confortável numa poltrona, e depois das contrações começarem ainda tive de tomar banho porque uma mulher tem de estar sempre apresentável. A Mafalda nasceu com 4,300 kg, e eu tive uma complicação pós-parto. Valeram-me uma equipa fantástica na Alfredo da Costa, e a certeza de que ainda tinha muita coisa para fazer nesta vida.

Nunca tinha tido o sonho de casar ou ter filhos, mas a vida perante a possibilidade de não poder ter filhos colocou-me à prova. E eu aceitei a decisão e não tive só um, mas comecei a idealizar ter 4. Não tive 4, mas fui até ao terceiro. Não vos vou dizer que romantizei a maternidade ou a ideia de ser mãe, só sabia que o tinha de ser. Também não vos vou dizer que os filhos são a nossa maior realização porque não acredito nisso. Acreditar nisso seria desvalorizar todos aqueles que não podem ou não querem ter.  Para mim, os filhos são a nossa maior aprendizagem se estivermos disponíveis para isso. É com eles que nos descobrimos na verdadeira essência, que crescemos enquanto seres humanos e são eles que nos ensinam aquilo que muitos falam ser o amor incondicional.

A Mafalda nunca gostou de dormir comigo, mas também nunca queria ficar em casa de ninguém. Fazia birra sempre que o ambiente era barulhento ou fora da zona de conforto dela. Era pouco dada a apertos e a sorrisos. Sempre muito calada, observava mais do que falava. Quando gostava, gostava. Quando não gostava não havia nada que a convencesse a mudar de ideias. Aos 23 anos tornou-se alguém que sabe não só o que quer, mas, sobretudo que luta pelo que quer. A “trombinha” deu lugar ao sorriso e a uma gargalhada sonora. As bochechas coradas deram lugar a um rosto magro, e o corpo rechonchudo tornou-se esguio.  A envergonhada que ficava sempre num canto deu lugar a alguém que não tem qualquer problema de dançar em público. A miúda que comia chocolates às escondidas tornou-se vegan e cuidadora do ambiente.

Sempre acreditei que os melhores pais são aqueles que com o passar do tempo deixam de ser necessários, que permitem que os filhos voem, e que se mantém na retaguarda para abraçar e apoiar sempre que necessário. Este ano, não vamos estar juntos e a festa vai ser feita através do zoom, os abraços ficam por dar, mas os sorrisos, e as gargalhadas vão estar presentes.

Parabéns, filha do meio! É um orgulho ser mãe de um ser humano fantástico como tu!