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martaleal

... Blogger, coach, mentora, palestrante, autora, contadora de histórias, formadora e uma apaixonada pela vida ...

Vivemos numa sociedade demasiado formatada e numa sociedade demasiado conformada.

Marta Leal, 31.03.15

images (21).jpgO filho mais velho faz anos hoje e não posso deixar de sorrir pelos anos que temos passado juntos. Devo confessar que o meu papel enquanto mãe nunca foi difícil talvez porque, para mim,  sempre foi fácil aceitar e aceita-los na diferença, nas opiniões e nas decisões. Especialmente nas decisões. É sempre tão difícil aceitarmos decisões e escolhas dos nossos filhos especialmente quando elas não coincidem com as nossas ou saem da normal. Difícil mas importante que o façamos.

 

Ouvi dizer que esta semana ia estar calor e decidi-me por umas férias. Tendo em conta o evoluir da coisa estou a pensar muito seriamente processar alguém ainda não sei se os meteorologistas se o S. Pedro mas que mereciam os dois lá isso mereciam. 

 

Não sou uma mulher dada a arrependimentos mas sou uma mulher dada a aprendizagens. Nos últimos dois dias aprendi que a próxima vez que for a Aveiro compro duas caixas de de ovos moles porque uma sabe a pouco, sabe mesmo a pouco. Gostava de conseguir registar todos os olhares que já vi sobre o penteado e a cor do cabelo da filha mais nova. A diferença confunde, espanta e faz com que nos sintamos no direito de apontar e criticar. Vivemos numa sociedade demasiado formatada e numa sociedade demasiado conformada.

 

Estar perto de alguém que se assume na diferença faz-me pensar naqueles miúdos que não o podem fazer. Faz-me pensar nas angustias, nas tristezas, nas revoltas e sobretudo na falta de amor que eles devem sentir. Faz-me pensar que todos temos o direito de ser quem decidimos ser. 

 

Eu? continuo assim muito mãe, muito mulher mas sobretudo eu mesma.

Tudo é mutável e as circunstâncias alteram-se

Marta Leal, 29.03.15

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Uma das coisas que me confunde é a falta de compromisso que a maioria das pessoas tem perante os outros e elas próprias. É muito frequente, em palestras, acontecer-me ter 20 inscrições em sala e aparecerem 5 ou então ter uma expectativa de 10 e aparecerem 20. Por vezes valorizamos muito pouco o tempo e o trabalho dos outros e valorizamos ainda menos a nossa palavra. Isto não significa que depois de um compromisso assumido não possamos voltar atrás, claro que sim. Tudo é mutável e as circunstâncias alteram-se. Contudo, esse voltar atrás deve ser assumido e transmitido.

 

Conhecer pessoalmente clientes com quem trabalhamos por skype é fantástico e revelador. Mais revelador é percebermos mudanças de seres e estares e reconhecermos que temos uma pontinha de responsabilidade naquilo tudo. Fazer aquilo que gostamos é sem dúvida a melhor profissão do mundo.

 

Cá por casa o meu portátil avariou com uma avaria tão estranha que achei que era coisa do outro mundo. Se fosse dada a teorias da conspiração diria que alguém interessado nos meus altos segredos inspiradores teria entrado no meu portátil para os vender. Entre palestras, consultas,escrita, reuniões, fisioterapia, família e projectos percebo que me começa a faltar pouco tempo para mim. O tempo é tão escasso que as pestanas caíram, as unhas parecem garras de águia e o cabelo já perdeu a noção de quem é. 

 

Eu? Continuo assim muito mãe, muito mulher e sobretudo muito eu mesma!

 

 

 

 

 

Descansar era o que eu ontem pensava fazer depois da soneca

Marta Leal, 19.03.15

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Acredito todos os dias que o mundo pode melhorar. Acredito todos os dias que podemos fazer a diferença na nossa e na vida do outro.  Não seria, contudo, verdadeira se não vos confessasse que por vezes me sinto perdida numa não humanidade traduzida em indiferença, violência e maldade gratuita. Choca-me o mundo da indiferença tal como me choca o mundo da maledicência. Perde-se demasiado tempo a maldizer quando era importante usar esse tempo para fazer mais e melhor.

 

Choca-me mas não me tira o sono que ontem na fisioterapia desconfio que até ressonei. Visto desta perspectiva ter de ir à fisioterapia todos os dias tem-me possibilitado descansar entre o dia e o inicio da noite.  Descansar era o que eu ontem pensava fazer depois da soneca.  Em formato síntese digamos que entrei em  casa, apanhei roupa, saí de casa, entrei em casa, dobrei roupa, voltei a sair de casa, fui supermercado,  voltei novamente para casa, jantei á pressa, fiz consulta por skype, respondi a e-mails, fiz relatórios e  foi quando olhei para o relógio e disse de mim para mim de forma muito eloquente " que grande maçada vais voltar a dormir a correr".  Como devem calcular não foi bem isso que eu disse mas esta semana já tive um post onde a palavra "cu" fazia parte do titulo por isso resolvi não abusar ou ainda me aparecia a brigada da moral e dos bons costumes!

 

Eu? Continuo assim muito mãe, muito mulher e muito eu mesma.

Eu acredito que as pessoas que te rodeiam merecem conhecer a tua autenticidade

Marta Leal, 18.03.15

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Há dias em que me sinto cansada. Há dias em que em apetece simplesmente parar e deixar acontecer. E, não é apenas um cansaço físico fruto da correria permanente dos últimos tempos é, também, um cansaço emocional. Há dias em que me canso de esperar por respostas, de procurar soluções, de insistir em mudar o mundo e de fazer as pessoas sorrir. Há dias em que me canso de humanos disfarçados de heróis e de “já sei” mascarados de prepotência. E existem aqueles dias em que questiono as escolhas feitas, os caminhos traçados e até os objectivos definidos.

 

Quer o mundo que eu esconda emoções que não fale de fraquezas nem tão pouco de lágrimas. Quer o mundo que eu sorria sempre, que diga palavras de inspiração e que não deite uma lágrima sequer. Pensar o contrário do mundo pode parecer uma loucura mas é exactamente assim que me faz sentido.Eu acredito que é só quando somos nossos nos podemos entregar aos outros.

 

Eu acredito que as pessoas que te rodeiam merecem conhecer a tua essência. Eu acredito que as pessoas que te rodeiam merecem conhecer a tua autenticidade e que isso não significa desvastar a tua intimidade.

Se não é do cu é das calças

Marta Leal, 17.03.15

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Os que me conhecem sabem que a minha noção de responsabilidade social é grande e que a minha vontade de ajudar também. O acto de contribuir preenche-me e serve de motivação diária para fazer mais e melhor. Esta minha acção não faz de mim uma Madre Teresa de Calcutá até porque não é esse o meu objectivo de vida. Gosto de fazer compras, viajar, comprar livros e quaisquer outro tipo de bens que só o dinheiro pode comprar. Gosto de dinheiro e acredito no dar de forma equilibrada e direccionada talvez seja por isso que me identifico tanto com a Addhu e com o projecto que esta ONG defende.

 

Esta é a forma que eu escolhi para dar a minha contribuição ao mundo e esta é a forma como me movo nele. Depois de ter solicitado apoio pontual para a organização e em conversa com o mais que tudo referia o facto de que são os que menos possuem que mais dão e que os outros limitam-se a encolher os ombros e a dar desculpas manifestamente disfarçadas de desconfiança.  E depois existem os que questionam, os que acusam e os que criticam. Ajudas criancinhas no Quénia então e as portuguesas? Em vez de ajudares criancinhas não devias ajudar velhinhos? Então e os gatinhos e os cãezinhos? Então e...?  Se não é do cu é das calças meus caros! Até porque não agir é mais confortável do que agir. 

 

Fala-se em calças e lembro-me da necessidade de colocar um anúncio mais ou menos nestes termos "desapareceu do roupeiro da sua dona um casaco de cabedal castanho, não se sabe a ultima vez que foi visto nem tão pouco quem o usou. Não se dão alvíssaras até porque o aluguer já é longo". Perdi o meu casaco preferido e só dei por isso agora!!!

 

Cá por casa continuo assim muito mãe, muito eu mesma.

Eu sei que ela parece uma couve roxa mas existe tanta necessidade de espanto?

Marta Leal, 16.03.15

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Quando contactamos com outras pessoas é inevitável associarmos histórias e memórias de forma mais ou menos consciente. Quando contactamos com muitas pessoas esse fenómeno é acrescido. Enquanto ouvia alguém a lamentar-se do casamento, do divórcio e do arrependimento que sentia de o ter feito não pude deixar de pensar que algures no tempo casei a 14 de Março. Algures no tempo devo ter-me apaixonado ao ponto de querer, também eu, viver um feliz para sempre. Não foi para sempre mas foi pelo tempo que teve de ser. Para mim é impossível existir arrependimento. O meu mundo não seria o mesmo sem os meus filhos e sem as minhas vivências. Eu não seria a mesma se o percurso tivesse sido outro.


Nos últimos dias passear com a filha mais nova é como andarmos acompanhados de um extra terrestre. Eu sei que ela parece uma couve roxa mas existe tanta necessidade de espanto? Acreditem ou não mas as pessoas ficam paradas a olhar e até apontam. E este apontar não é no sentido figurado mas é mesmo de indicador em riste. Surpreende-me que nos admiremos tanto com um cabelo pintado de roxo e nos resignemos a uma falta de respeito constante. O que eu também admiro é a segurança e a postura de uma filha que vive um todo de uma forma decidida e segura. Estou cada vez mais convencida que o mundo deveria ser menos cinzento, muito menos cinzento.


Cá por casa continuo assim muito mãe, muito mulher, muito eu mesma.

Gosto de observar a forma como nos movemos pela vida

Marta Leal, 14.03.15

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Dizer que escrever me faz bem é muito pouco. Escrever leva-me para um mundo onde não existem impedimentos de qualquer espécie. Gosto do modo como as palavras ganham forma ao mesmo tempo que as histórias se entrelaçam. Perco-me nas letras tal como me perco nas pessoas com que me cruzo. Gosto. Gosto de observar a forma como nos movemos pela vida. E, apesar de tudo, ainda acredito na espécie humana embora existam aqueles momentos em que a dúvida aparece. Sou muito humana recordam-se?

 

Trabalhar as partes (pessoas) faz-me pensar no todo (mundo) e perceber que se um pode mudar então os outros também o poderão fazer. E por falar em mudança ontem o fisioterapeuta dizia-me que a solução para me sentir melhor era descanso, muito descanso. Acredito que aprendo mais depressa a escrever com a mão esquerda do que a descansar. 

 

 

O meu mundo está a mudar não só internamente mas especialmente no formato que está a ter. A uns miúdos autónomos e bem resolvidos adiciono uma mãe com vontade de mudar o mundo e multiplico tudo isso por uma quantidade de projectos a crescer. A magia do sonho está em realizá-lo.

 

Eu, continuo assim muito mãe, muito mulher mas sobretudo eu mesma.

 

 

Por vezes, existem contrastes de acções e emoções

Marta Leal, 13.03.15

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Eu, mãe aqui me confesso. Já me cansei, assustei, chorei de alegria e chorei de medo que alguma coisa pudesse acontecer. Já ralhei e já abracei. Já passei noites em claro e já passei noites descansadas. Já tive todas as certezas e hoje em dia tenho sempre todas as duvidas. Acredito que não existem fórmulas mágicas porque o mundo é muito mais que uma fórmula. O mundo, meus caros, é um composto de pensamentos, sentimentos e emoções. E antes que alguns comecem a duvidar da minha sanidade mental é bom referir que tudo isto é para dizer que para mim ser mãe é uma das melhores sensações do mundo independentemente, de por vezes, existirem contrastes de acções e emoções.

 

Emocionada fiquei eu hoje, pela manhã, ao entrar no quarto da filha mais nova. Devo afirmar que demorei tempo a perceber que não tínhamos sido assaltados pela calada da noite e que aquilo era apenas fruto de um "o que é que vou vestir hoje?"
O filho mais velho a viver na capital deixa-me sempre com uma sensação de vazio por muito cheia que esteja a casa. É como se faltasse uma peça no puzzle. O mais que tudo continua firme e hirto na sua saga de emagrecer e a sensação que tenho é a de que estamos a prepararmo-nos para momentos de muita escassez tal é a diversidade de alimentos que me "atafulha" despensa e frigorifico. Logo eu que gosto de ter espaços menos cheios.

 

Cá por casa continuamos assim muito mãe, muito mulher e muito eu mesma

Eu, mulher me confesso

Marta Leal, 12.03.15

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Há uns anos era eu uma jovem cheia de certezas absolutas e muito “pêlo na venta”. Tive a sorte de me cruzar com alguém que me deu uma lição de vida, não apenas pelas suas palavras, mas também pelo que me fez sentir naquele momento. Tinha sido convidada para uma festa de aniversário, em casa de uns amigos, onde se encontravam várias gerações de homens e de mulheres. Convém salientar que eu seria das mais novas. Falava-se dos direitos das mulheres e eu, reconheço que de forma infeliz, resolvo manifestar-me contra o dia, as manifestações, e aquilo que eu considerava um exagero, até porque já tínhamos esses direitos! E, acreditem, disse-o com toda a veemência e toda a certeza.

Foi quando alguém em chamou à parte e me contou que, apesar da lei ter mudado, se sentia propriedade do marido porque tinha dedicado toda a vida à família e aos filhos e, embora a herança fosse sua, era o marido que a geria. Que o meu pretensiosismo com tais afirmações se estava a esquecer de todas as mulheres que tinham lutado para que eu tivesse os direitos que tenho hoje. Reconheço que naquele momento o orgulho ferido me impediu de perceber a importância e o impacto que aquelas palavras iriam ter na minha vida. Não percebia também que naquele momento me limitava a ver a vida apenas pelas minhas referências e não punha sequer a hipótese que existissem outras.

Passaram cerca de 20 anos desta conversa e estamos mais ou menos na mesma. Acreditem ou não, mas aquelas palavras continuam a ecoar na minha cabeça. Algumas leis mudaram mas as mentalidades mudaram pouco e nós, mulheres, continuamos a ter que ser mais e a ter que provar mais. Continuamos a ser espancadas, violadas, apontadas, consideradas propriedade privada e, em alguns casos, sem qualquer tipo de escolha. Continuamos a ser o menos numa equação que é tudo menos igual.

Quando alguém perto de mim me conta que tem a certeza que fulano bate em fulana e que é lá com eles, isso significa que ainda há muito caminho a fazer. Significa que nos satisfazemos com o que temos e nos esquecemos de quem não têm. Significa que a ausência de responsabilidade perante o bem-estar do outro se sobrepõe aos direitos humanos.  E é de forma ausente e indiferente que a maioria de nós caminha pela vida. Temos rasgos de indignação perante casos mais ou menos mediáticos mas não agimos em casos tão perto de nós.

Cá por casa recuso-me a ser indiferente e ausente porque sei que precisamos de um mundo diferente com pessoas mais presentes. 

O mundo faz-me muito mais sentido quando nos acolhemos de forma honesta e sincera

Marta Leal, 01.03.15

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Existe em mim uma necessidade de reconhecer a intervenção dos outros em todos os projectos que me envolvo. Gosto de reconhecer e acredito que também goste de ser reconhecida. Sou humana lembram-se? O  mundo faz-me muito mais sentido quando nos acolhemos de forma honesta e sincera, certo?

 

As dores estão a melhorar e a boa disposição também. A sensação de mau estar permanente e de incapacidade para certas tarefas durante a semana passada testou a minha tolerância bem como a minha paciência. Claro que a quantidade de ferramentas que tenho á minha disposição também deram uma ajuda.  O que é uma certeza é que estar com menos dores implica mais alerta para não estragar tudo. Se não dói abusa-se e cá por casa sou perita nisso. Apesar de ter dito o contrário ao fisioterapeuta, o fim de semana foi passado, mais uma vez, a trabalhar e em reuniões de projectos. Vale me o facto do senhor não fazer a mínima ideia de que este blog existe.

 

A filha mais nova decidiu que vai pintar o cabelo de roxo e a filha do meio continua firme no novo tipo de alimentação. O mais que tudo diz que já emagreceu 8 quilos e quem me vale é a minha santa mãezinha que deixa sempre uma comidinha deliciosa. 

 

Consegui, finalmente, ir á unhaca e á pestana. Sobre este assunto aceito apostas sobre o tempo que o mais que tudo vai levar até fazer comentário. Eu depois conto-vos a sério que vos conto.