Vivemos numa sociedade demasiado formatada e numa sociedade demasiado conformada.
O filho mais velho faz anos hoje e não posso deixar de sorrir pelos anos que temos passado juntos. Devo confessar que o meu papel enquanto mãe nunca foi difícil talvez porque, para mim, sempre foi fácil aceitar e aceita-los na diferença, nas opiniões e nas decisões. Especialmente nas decisões. É sempre tão difícil aceitarmos decisões e escolhas dos nossos filhos especialmente quando elas não coincidem com as nossas ou saem da normal. Difícil mas importante que o façamos.
Ouvi dizer que esta semana ia estar calor e decidi-me por umas férias. Tendo em conta o evoluir da coisa estou a pensar muito seriamente processar alguém ainda não sei se os meteorologistas se o S. Pedro mas que mereciam os dois lá isso mereciam.
Não sou uma mulher dada a arrependimentos mas sou uma mulher dada a aprendizagens. Nos últimos dois dias aprendi que a próxima vez que for a Aveiro compro duas caixas de de ovos moles porque uma sabe a pouco, sabe mesmo a pouco. Gostava de conseguir registar todos os olhares que já vi sobre o penteado e a cor do cabelo da filha mais nova. A diferença confunde, espanta e faz com que nos sintamos no direito de apontar e criticar. Vivemos numa sociedade demasiado formatada e numa sociedade demasiado conformada.
Estar perto de alguém que se assume na diferença faz-me pensar naqueles miúdos que não o podem fazer. Faz-me pensar nas angustias, nas tristezas, nas revoltas e sobretudo na falta de amor que eles devem sentir. Faz-me pensar que todos temos o direito de ser quem decidimos ser.
Eu? continuo assim muito mãe, muito mulher mas sobretudo eu mesma.